LEATHER MAN: NU NO HOSPITAL

EU DECIDIRA SAIR DE CASA JÁ VESTIDO PARA MATAR -E O FATO DE MORAR COM MEUS PAIS NUMA EDÍCULA, COM TOTAL LIBERDADE, FACILITOU A OUSADA OPÇÃO. EU DAVA UMA CHECADA FINAL NO VISUAL QUANDO OUVI O GRITO DE MINHA MÃE E SAÍ CORRENDO EM DIREÇÃO À CASA PRINCIPAL. PAPAI ESTAVA SOFRENDO UM ATAQUE CARDÍACO! SEM TITUBEAR, O PEGUEI NOS BRAÇOS E O LEVEI PARA O CARRO. MAMÃE VINDO ATRÁS DUPLAMENTE CHOCADA COM O ENFARTE DO MARIDO E A NUDEZ DO FILHO. DE MINHA PARTE, CLARO, ISSO NÃO TINHA A MÍNIMA IMPORTÂNCIA.

TÃO LOGO ACOMODEI-O, DISPAREI RUMO AO HOSPITAL. ALERTADO POR MAMÃE, MEU CUNHADO, MÉDICO PLANTONISTA NAQUELA NOITE, NOS AGUARDAVA -E, APESAR DO CHOQUE INICIAL COM MINHA NUDEZ, AGIU COM ABSOLUTA PRONTIDÃO E PRESTEZA, LEVANDO MEU PAI PARA SER ATENDIDO.

- VOCÊ PODE FICAR AGUARDANDO AQUI, ABELARDO. TRAGO NOTÍCIAS LOGO... -FALOU O CUNHADÃO, ENQUANTO EM ME CURVAVA SOBRE A ANCA E BEIJAVA TESTA DE PAPAI.

SÓ QUANDO A PORTA FECHOU-SE FOI QUE PERCEBI QUE ERA O ALVO DOS OLHARES DAS POUCAS PESSOAS PRESENTES NO CORREDOR DA EMERGÊNCIA. USANDO APENAS PERNEIRAS, ARREIOS E BOTAS, EU TINHA O PÊNIS E A BUNDA COMPLETAMENTE NUS.

- SENTE AQUI, FILHO -ACENOU MAMÃE, ACOMODADA NUMA DAS CADEIRAS DA SALA DE ESPERA.

- DESCULPE, MÃE. EU NÃO QUERIA... -FALEI AO BEIJÁ-LA.

- AGORA NÃO É HORA, ABELARDO... -REBATEU ELA, CONTROLANDO A RAIVA QUE SENTIA POR ME VER ALI, NU EM PÊLO, EM PLENO HOSPITAL, ANTES DE RETOMAR SUAS ORAÇÕES.

- O SENHOR PODE ME ACOMPANHAR? PRECISO COLHER UNS DADOS ...-INTERROMPEU-NOS UM FUNCIONÁRIO DO HOSPITAL, MAL CONSEGUINDO DESVIAR O OLHAR DO MEU PAU.

- COM PRAZER, MEU CHAPA! -FALEI, ME LEVANTANDO E DANDO UMA AJEITADA NO SACO, PARA NÍTIDO DESCONFORTO DO QUARENTÃO ENRUSTIDO.

ACOMPANHEI-O ATÉ O BALCÃO DA RECEPÇÃO ONDE PREENCHI FORMULÁRIOS. ESTAVA ASSIM, DE PÉ, COM AS COSTAS PARA A ENTRADA, QUANDO MEU IRMÃO E SUA MULHER CHEGARAM.

- EU NÃO ACREDITO NO QUE ESTOU VENDO, ABELARDO! QUE ABSURDO É ESTE, SEU VIADO?

- PARA COM ISSO, ALFREDO. SEU IRMÃO SALVOU A VIDA DO PAI DE VOCÊS!

- A SENHORA NÃO PODE APROVAR ISSO!

- NÃO APROVO NÃO, MEU FILHO. MAS ACEITO E RESPEITO. É O QUE VOCÊ DEVE FAZER.

- VÁ VESTIR UMA ROUPA QUE EU FICO AQUI COM A MAMÃE, ABELARDO.

- EU SÓ SAIO DAQUI APÓS TER ALGUMA NOTÍCIA DO PAPAI, MANINHO.

- POIS PELO MENOS TE SENTA E CRUZA ESSAS PERNAS, CARA! EU NÃO ENTENDO COMO TU PODES NÃO TER VERGONHA ...

- OK! VOCÊ TEM RAZÃO. VOU ME SENTAR NESSA CADEIRA DURA...

- APOSTO QUE VOCÊ TÁ ACOSTUMADO A SENTAR EM COISA MUITO MAIS DURA...

- MENINOS! - INTERVEIO, UMA VEZ MAIS, NOSSA MÃE.