CONTO CONTADO: PINTANDO COM A PINTA

O NOME DA EXPOSIÇÃO JÁ CAUSOU FUROR, APESAR DO USO DO TERMO INFANTIL PARA AMENIZAR. O CONVITE PARA A VERNISSAGE, CONTUDO, NÃO PODERIA SER MAIS EXPLÍCITO - A FOTO VALORIZAVA O CALIBRE , A EXTENSAO E O PESO DA MINHA FERRAMENTA DE TRABALHO. MAL FORAM ENTREGUES, AS CONFIRMAÇÕES DE PRESENÇA CONGESTIONARAM OS TELEFONES DA GALERIA RG. EU, PARTICULARMENTE, ESTAVA TRANQUILO, FELIZ COM O CORPÃO QUE DEUS ME DERA E COM MINHA ATUAL FASE NA CARREIRA.

A IDEIA DE FAZER UMA SÉRIE DE TRABALHOS USANDO MEU PAU COMO PINCEL FOI DO DONO DA GALERIA -UM EX-NAMORADO QUE, VEZ OU OUTRA, VINHA MAMAR NA FONTE. ELE VIRA ALGO PARECIDO EM VIENA E ME PROPÔS A INDIVIDUAL. A PRINCÍPIO RETICENTE, FIZ EXIGÊNCIAS E CURTI O RESULTADO. PASSEI OS ÚLTIMOS QUATRO MESES ENFURNADO NO MEU ATELIER. NA ÚLTIMA QUINZENA, OS PEDIDOS DE ENTREVISTA ME SURPREENDERAM E, COMO OS ATENDIA NU, ACABEI POR ADOTAR O BOTTOMLESS COMO MAIS UM DIFERENCIAL DA MINHA PERSONA ARTÍSTICA. ME LEMBRO QUE UMA DAS MATÉRIAS FOI AO AR SEM CORTES, MOSTRANDO-ME EM PLENA ATIVIDADE, COM O PÊNIS COBERTO DE TINTA. A REAÇÃO FOI ABSURDA E, JÁ NO DIA SEGUINTE, FUI MALHAR SÓ DE REGATA E TÊNIS.

NA VOLTA PARA CASA, TODO SUADO, PASSEI NO SUPERMERCADO E FIZ UMAS COMPRAS SOB O OLHAR PERPLEXO MAS APROVADOR DOS CLIENTES E FUNCIONÁRIOS. OS BRAÇÕES TATUADOS E A BARBA CERRADA IMPUNHAM RESPEITO -ISSOPARANÃOFALAR DO BALANGAR DO CARALHO AVANTAJADO, A PEDIR PASSAGEM A CADA PASSO QUE EU DAVA. OS GLÚTEOS, RIJOS E COBERTOS POR UMA RELVA DE PÊLOS, CAUSAVAM FUROR-TAPINHAS ERAM HABITUAIS, EMBORA EU GOSTASSE MESMO DAS POUQUÍSSIMAS DEDADAS INESPERADAS. TEVE UM CARA, GRISALHÃO GOSTOSO QUE COMPRAVA CERVEJA COM OS FILHÕES COM BARBAS POR FAZER QUE APROVEITOU UM RARO MOMENTO DE DESATENÇÃO DELES PARA ENFIAR O DEDO NO MEU CU. QUANDO EU ME VOLTEI, ELE ESBOÇOU UM SORRISO ANTES DE CHUPAR O DEDO. EU DEI UMA COÇADA NO SACO E SORRI DE VOLTA.